É tempo de resistir.
Resistir novamente, pois foi a partir da resistência daqueles que se levantaram contra os abusos do regime militar que a jovem democracia brasileira pôde surgir e alicerçar suas bases na dignidade da pessoa humana, garantindo direitos que, agora, são colocados em risco diante da conjuntura política atual.
Assistimos, diariamente, a violação dos ideais contidos na Carta Magna de 1988, ocorrida nas mais variadas instâncias do Estado ou, mais perto, nos desrespeitos cotidianos à dignidade das pessoas que conhecemos ou não, convivemos ou não, amamos ou não.
É preciso resistir porque embora a história jamais tenha se mostrado livre de embates, de lutas, de contrariedades ideológicas e momentos de tensão, a passagem dos tempos sempre revelou os resultados das escolhas individuais e a repercussão de cada posicionamento.
Em períodos de intolerância generalizada, os resultados da propagação de discursos de ódio, sobretudo em desfavor das minorias, podem ser vistos nos noticiários, em trágicas manchetes acerca das agressões e violações de direito que, agora, tornaram-se lugar-comum.
Num triste exemplo, Lira, enquanto integrante dessas minorias, foi agredido física e verbalmente por motivos puramente políticos, deixando clara a validação da violência no contexto atual. Queremos, contudo, afirmar que ele não está sozinho, pois com ele nos levantamos e resistiremos, na perspectiva de luta e de defesa inarredável da dignidade de todas as pessoas LGBT, negrxs, mulheres, pobres, indígenas, sem-terra, sem-teto, e demais grupos historicamente oprimidos.
Manifestamos nosso repúdio não somente aos atos de violência sofridos pelo estudante, mas aos posicionamentos que desacreditam, direta ou indiretamente, o depoimento da vítima, diante da necessidade de demonstração de sensibilidade humana e respeito ao seu direito de denunciar a evidente motivação das agressões sofridas.
Dói-nos assistir a constante negação da realidade de violência e ameaça à vida, em especial dos membros de grupos sociais marginalizados e/ou silenciados historicamente. Sendo assim, manifestamos todo o nosso apoio aos que sofrem com essas violências e com o medo e incerteza sobre o que o futuro trará.
Nos manifestamos, finalmente, em nome da Democracia em seu sentido mais positivo e abrangente, na defesa do pluralismo e da livre manifestação de ideias. Resistimos unidos pelo desejo de que não apenas nós mesmos, mas todos, membros das atuais ou das futuras gerações, possam ter a sua dignidade humana respeitada dentro de um regime que ainda se possa chamar de democracia.
Crato, 26 de outubro de 2018.
Aderem a este manifesto:
Programa de Assessoria Jurídica Estudantil (P@JE)
Estudantes integrantes:
Emannuelly Cabral de Figueiredo
Danielly Cabral de Figueiredo
Amanda Oliveira de Sousa
Marcelo Soares Mota
Rafael Amorim Teles
Francisca Alessandra da Silva Soares
Júlia Coelho Bezerra Gomes
Iohanna Maria Severo de Sá
Ruan Conrado Guilherme
Livia Maria Nascimento Silva
Arthur de Oliveira Sales
Lara Letícia Lôbo Bento
Mikaely Pinheiro do Nascimento
Sâmi Edla Ribeiro Grangeiro
Raysa Raquel Cordeiro Barros
Dandara Larissa Melo Peixoto
Paulo Victor Oliveira de Sousa
Wallace Jameli Vidal Alencar
Anderson de Sousa Monteiro
Letícia Zacarias de Oliveira
Wendell Ferreira da Silva Lima
Alexia Fernanda de Morais Santana Almeida
Núcleo de Combate à Violência Contra a Mulher (NUCOM)
Estudantes Integrantes:
Wesley Silva dos Santos
Virna Pires Vilar de Freitas
Edmilson Rodrigues de Sousa Júnior
Kaio Emanuel Sousa da Silva
Luana Gomes da Silva
Vitória Cássia Porto Torquato
Ana Alice Carvalho Rafael
Carolyne Rocha dos Santos
Demais estudantes:
Bruno Alves Filgueira
Ihasmin Severo Delmondes
Francisco Jeferson Inácio Ferreira
Ana Tereza Gomes Alcântara
Roberto Ramon Paula de Brito
Otávio Evangelista Cruz
Luiza Maria Pinheiro Sedrim
Ana Beatriz Bernardo Damasceno
Natáli Mikaela Sobreira Tavares
Lucas Almeida Santana
Clara Skarlleth Lopes de Araujo
Laysa Ayanny de Sousa Lima
José Eduardo de Carvalho Júnior
Italo Ruan Tavares Sampaio
Ana Carolina Oliveira Pimentel
Carlos Augusto Matos de Lacerda
Antonia Daiane Soares Matos
Ana Karoline de Oliveira Melo
Bruna Aldileia Vieira dos Santos
Pedro Ramos Neves
Eline Vilar Aires
Lara Karolyne Torres Paixão
Ianne Teles Alencar
Larissa Barreto Pessoa
Vitória Regina Silva Carneiro
Geisyane Bonfim Camilo
Cícera de Oliveira Evangelista
Ana Karoline de Sousa Pereira Lima
Emanuela Josina Araujo Bacurau
Maria Bruna Leite Rocha
Palloma Maria da Silva Sá e Britto
Thaís Fernandes Sales
Jordanna Katielly Alves Lacerda
Débora Costa Silva
Ana Beatriz Bernardo Damasceno
Breno Tavares Arraes
Ravenna Ribeiro Pontes
Beatriz Tavares Januário
Brenda Bezerra Teles
Marlúcia Maria Ramos Duarte
Érica Furtado Viana
Lara Juvenita de Oliveira Macedo
Raíssa Feitosa Soares
Maria Luiza Bezerra dos Santos
Ayana Maria Figueiredo Malheiro
Yara Ribeiro de Hollanda
Bruna Prandi
Anna Lyvia Alves Macêdo
Hellen Karine Soares Lira
Heloyse Camile Santos Lima
Natália Maria Saraiva
Maura Soraia Lopes Souza
Maria Daiane Soares Pereira
Professores/Pesquisadores/Profissionais do Direito:
Ana Larissa da Silva Brasil
Jahyra Helena Pequeno dos Santos
John Heinz Rummenigg Barbosa Ferreira Luciano
Djamiro Ferreira Acipestre Sobrinho
Danielly Pereira Clemente
Jaires de Sá Vieira Filho
Mário Machado Beserra
Fernando Menezes Lima
Moisés Saraiva de Luna
Cristóvão Teixeira Rodrigues Silva
Gilles Viana Alves Diniz
Sandra Maria Matos Beserra
João Adolfo Ribeiro Bandeira
Lucas Alencar Pinto
Isabelle Santos Souza Vieira
Cícera Amanda Guilherme Fernandes
Ana Elisa de Meneses Braga
Daniele Ferreira Ribeiro
Francisca Edineusa Pamplona Damascena
André Angelo Rodrigues
Danilo Ferreira Ribeiro
Outros apoiadores:
Eryadny Barbosa Calou
Cícera Isabely dos Santos Fonseca